Já aconteceu com algum familiar ou conhecido que ficou alguns dias internado no hospital e passou a falar coisas confusas? Ou passou a noite muito agitado e desorientado? Ou passou o dia muito sonolento, com pouca interação?

Isso é uma questão muito comum durante internação de pessoas idosas, principalmente quando o período longe de casa é mais prolongado. Comum também quando o idoso já tem algum grau de demência, muitos problemas de saúde ou quando está em tratamento de alguma infecção.

Chamamos essa alteração do nível de consciência de DELIRIUM.

O que é o Delirium?

Quando um paciente subitamente apresenta-se desorientado, agitado, com diminuição da consciência, desatento, agressivo ou sonolento pode estar apresentando Delirium. É uma síndrome que ocorre com freqüência em pacientes internados, principalmente idosos. Pode ser causado por infecções, por alterações nos eletrólitos no sangue (Exemplo: Sódio, potássio), por medicamentos ou pelo próprio confinamento da internação.

Quanto tempo pode durar o Delirium e como é tratado?

O Delirium pode permanecer por horas, dias ou semanas. É tratado com medicamentos prescritos pelos médicos e também pelos cuidados e estímulos durante a internação pelos acompanhantes.

O que o cuidador pode fazer para evitar/tratar o Delirium?

1) Se perceber que o paciente está com um dos sinais de Delirium, deve-se avisar à enfermagem e ao médico.

2) Estimular o paciente durante a internação: conversar, dizer o dia da semana e a hora aproximada, sintonizar canais na TV que agradem o paciente, deixar cortinas abertas e luzes acesas durante o dia e deixar quarto mais escuro à noite.

3) Incentivar o uso de óculos e aparelhos auditivos (quando em uso).

4) Evite deixar o paciente dormir em excesso durante o dia.

5) Incentivar a alimentação: verificar se o paciente está aceitando a dieta e conversar com a nutricionista quando necessário, prestar auxílio durante a alimentação e oferecer líquidos várias vezes ao dia (quando autorizado pelo médico).

6) Manter o ambiente calmo e organizado.

Atenção sempre!

O Delirium é um quadro transitório e deve ser tratado assim que diagnosticado. Conte sempre com um profissional de saúde para orientações e esclarecimentos.

Quem não gosta de uma boa noite de sono? No entanto, uma parcela significativa da população infelizmente sofre com dificuldade para iniciar ou manter o sono. Estima-se que a insônia afeta em média de 9 a 10% da população adulta. Apesar de não existir um número mágico da quantidade ideal que devemos dormir, a maioria pode ser incluída no grupo que necessita entre 7 a 9 horas.

Nos idosos a queixa de insônia pode ser ainda mais prevalente do que na população em geral. Alguns idosos relatam que com o passar dos anos passam a dormir menos sem que isso prejudique sua qualidade de vida, porém deve-se destacar que essa alteração pode ser um sinal precoce de alguma condição de saúde como transtorno depressivo/ansiedade.

Mas como saber se você tem uma boa noite de sono? O número de horas isoladamente deitado na cama pode ser vago e esconder a realidade.

A seguir vamos avaliar algumas situações:

1) Você consegue induzir o sono com facilidade e geralmente adormece sem perceber.

Muitas pessoas com insônia relatam que o momento que antecede o período de ir para cama gera ansiedade, se vão conseguir dormir ou não. Se isso acontece com frequência ao longo da semana, procure um geriatra.

2) Manter o sono ao longo da noite é outro sinal importante.

O idoso pode ter algumas peculiaridades nessa parte, é comum que os idosos acordem durante a madrugada em razão do uso de medicações diuréticas, incontinência urinária, nas mulheres ou hiperplasia prostática benigna, nos homens. Vale ressaltar que o nosso sono apresenta vários ciclos alternados entre o sono NREM (non rapid eye movimet) e REM (rapid eye moviment) e que cada etapa é fundamental para manutenção e restauração de diversas capacidades, portanto quanto menos interrupções ao longo da noite, melhor estará nossa saúde cognitiva.

3) Acordar sem necessidade de despertadores.

Sono é hábito. Acordar no mesmo horário sem a necessidade de métodos externos que venham interromper o sono é fundamental. Se é necessário rotineiramente de um despertador ou alguém para fazê-lo levantar da cama talvez a quantidade ou qualidade do sono esteja insuficiente para as suas necessidades. Evite mudar os horários de ir dormir e despertar nos finais de semana e feriados. O corpo não entende que são dias excepcionais. Lembre-se! O corpo ama uma rotina!

4) O café é uma opção e não uma necessidade.

Apesar de ser extremamente presente na cultura mundial o café contém cafeína e é um estimulante psicoativo. É cada vez mais comum observar as pessoas utilizarem o café como estratégia para compensar a falta de energia e disposição para iniciarem ou manterem as atividades diárias. Falta de energia pode ser uma condição de saúde que precisa ser investigado pelo seu geriatra!

5) O cochilo durante o dia não é uma regra.

Tirar um cochilo pós-almoço, a conhecida sesta pelos espanhóis, eventualmente pode ser uma excelente estratégia para relaxar e voltar revigorado para o dia, mas se o cochilo é uma necessidade e dura horas, provavelmente o sono noturno está insuficiente.

6) Evite a automedicação.

É tentador ceder a oferta do amigo que tem um “comprimidinho que ajudou a dormir”. Infelizmente algumas pessoas iniciam o tratamento da insônia sem acompanhamento médico, o que pode gerar mais dificuldades no futuro para o acompanhamento do paciente. No caso dos idosos, muitas medicações prescritas para o tratamento da insônia, depressão e ansiedade podem causar ou potencializar efeitos adversos como hipotensão postural e consequente risco de queda, sedação ou desorientação, por isso é fundamental a avaliação do profissional geriatra, especializado em orientar e capacitado para lidar com as peculiaridades do público idoso.

7) Medidas não farmacológicas

Algumas medidas acessíveis a todos podem auxiliar numa boa noite de sono e devem ser adotadas como estratégias eficientes.

Opte por fazer a última refeição do dia de quantidade moderada até uma ou duas horas antes de ir para cama.

Não é recomendado comer em grande quantidade momentos antes de repouso, porque pode dificultar a digestão e gerar desconforto ou piorar sintomas de refluxo gastroesofágico.

Evite beber líquidos, principalmente bebidas alcoólicas, que são diuréticas, nas últimas horas do dia para não precisar levantar de noite para ir ao banheiro.

Desconecte-se! Evite aparelhos eletrônicos como celulares e tabletes. Desconecte-se de noite das redes sociais e tenha um bom papo com Morfeu!

Por Dr. Felipe Alves Rodrigues (CRM: 52-1050838-0)